Fabricio & Eloisa

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, céu, trem e atividades ao ar livre

Fabrício & Eloisa

O que se poderia dizer de  Rincão Paraíso: Era um lugar pequeno e aconchegante, ladeado por vales floridos e uma paisagem como aquelas de cartão postal. Uma igreja na praça central com um coreto no jardim, onde nos finais de semana os namorados sentavam-se de frente para a fonte luminosa,  inebriados pela paixão e  por canções  que faziam trilha sonora pra dança das águas.
Talvez tenha sido por isso que há muito tempo os pais de  Fabrício escolheram ali pra fixar residência.
A tarde todos colocavam suas cadeiras nas calçadas, os vizinhos aconchegavam-se e ficavam até altas horas num troco gostoso de experiências de vida, historias e doces lembranças. As crianças brincavam nas ruas  e os mais grandinhos arriscavam seus olhares nos olhos de alguma garota pra um possível namoro.
E foi assim que Fabrício conheceu Eloisa. Um primeiro olhar, um leve toque nas mãos, ainda ali próximos aos olhares do s pais. Nos finais de semana  um filme no cinema da cidade ou uma escapadinha pra uma festa na casa de amigos.
O tempo foi construindo em suas asas os destinos das pessoas. Aos 20 anos casaram-se numa cerimonia simples. A felicidade veio morar com mais força naqueles corações repletos de amor
Rincão Paraíso parecia já uma cidade maior. Eloisa já conseguira um emprego e trabalhava fora. Fabrício cuidava da loja de ferragens que herdara do pai. Filhos, apesar dos 7 anos de casados, ainda não tinham aparecido na vida deles.
Eloisa começou de repente a chegar tarde do trabalho. Primeiro uma semana, depois outra e mais outra. Fabrício fechava a loja de ferramentas, ia pra casa e ficava esperando um telefonema da esposa para que pudesse busca-la no trabalho.
Aproximava-se o final de ano. A presença do Natal já se estampava nas lojas e nas fachadas das casas, Fabrício sentado  em frente a TV, passeava seus pensamentos aqui e  acolá analisando os últimos acontecimentos
Eloisa já não era a mesma pessoa, às vezes ele falava e ela parecia tão distante que quase nem conseguia ouvi-lo, apenas balançava a cabeça entre uma frase ou outra. Talvez fosse o excesso de trabalho, talvez outras preocupações, mas afinal quais seriam, era uma dúvida que em sua mente frequentemente passava.
Já se  aproximava das 22 Horas. O telefone continuava mudo. Fabrício estava inquieto. Apagou o cigarro que tinha em suas mãos, foi até o quarto, botou  outra roupa, pegou uma capa de chuva. La fora chovia torrencialmente. Quem sabe não fora este o motivo do atraso. Afinal ela nunca chegava depois das 21 horas.
Pegou o carro  e seguiu pela rua até o prédio onde sua esposa trabalhava. Era uma importante loja de eletro domésticos onde Eloisa cuidava da parte financeira.   Naquela altura do campeonato, já estava tudo fechado e os demais funcionários já tinham ido embora.
Apenas uma  fina garoa caia sobre o para-brisa do carro naquele momento. Estacionou e enquanto esperava sua esposa do lado de fora da loja notou   que a sobreloja onde funcionava o escritório estava às escuras.
Desceu rapidamente do carro, correu até a porta que levava a parte superior, apertou freneticamente  a campainha. Nada! Ninguém respondia. Apenas o silêncio contrastando com a sua respiração ofegante.
Fabrício tomou o carro e retornou às pressas pra casa. Abriu as portas chamando por Eloisa. Nada! Nem mesmo o eco de sua voz. Correu ate os seus aposentos. As portas do guarda roupa estavam escancaradas. Todas as roupas de Eloisa haviam desaparecido.
Atônito sem mais nada entender jogou-se na  poltrona que havia aos pés do toucador. Seus olhos de repente caíram sobre um bilhete que estava quase escondido entre as coisas ali espalhadas
Tomou angustiado em suas mãos e leu o que estava mal escrito com a ponta de um  baton:
Meu amor já faz um tempo , eu estava me esquecendo, venho agora te dizer,  eu não queria que soubesses que esta dor que me acontece é  por causa de você.
Estou partindo, indo embora, por favor, tente me   esquecer. O nosso sonho foi  lindo,  foi  ilusão passageira, não era pra vida inteira, o nosso amor acabou.


Autor
Carlos Marcos Faustino
02/12/2017 – sábado – 14h34


Comentários

  1. Laura Perez Rodrigues
    Parabéns, muito lindo!
    02 de dezembro de 2017 às 14:57

    Maria Umbelina Pacheco Lima
    Maria Umbelina Pacheco Lima AMEI BEM TRISTE AS VEZES SÃO VERDADES
    02 de dezembro de 2017 às 15:48

    Antonio Carlos Coutinho
    Antonio Carlos Coutinho Parabéns
    02 de dezembro de 2017às 17:20

    Solange Delgado Chiaradia
    Solange Delgado Chiaradia Gostei muito...
    02 de dezembro de 2017 às 19:08

    Marcia Aparecida Campato
    Marcia Aparecida Campato Lindo... parabéns amigo.
    02 de dezembro de 2017 às 19:14

    Maria Conceição Gava Barreto
    Maria Conceição Gava Barreto Lindo amigo e ao mesmo triste... Afinal não gostamos em ver uma união acabar assim...
    02 de dezembro de 2017 às 20:50

    Tania Maria Gimenes Brochini
    Tania Maria Gimenes Brochini Lindo! Que triste.
    03 de dezembro de 2017 às 00:07
    Remover
    Elizabeth Manrique
    Elizabeth Manrique Parabéns! Lindo!
    03 de dezembro de 2017 às 00:08

    Christina Castello Branco Augusto
    Lindo!!! Quando terminei fiquei pensando no porquê dela ter ido embora......
    03 de dezembro de 2017 às 00:11

    Carlos Marcos Faustino
    Carlos Marcos Faustino Eu acho que ela foi em busca de outro amor, ou talvez tenha partido com alguém que tenha conhecido recentemente. Eu acho rsrsr, ela também não me disse rsrsrs
    03 de dezembro de 2017 às 00:11

    Christina Castello Branco Augusto
    Christina Castello Branco Augusto Carlos Marcos Faustino , eu não pensei em traição. Eu pensei que ela ficou sabendo que não poderia ser mãe e deixou o marido livre para tornar-se pai. Minha imaginação foi longe, mas eu acreditei no Amor deles é portanto não poderia ter outro amor...
    03 de dezembro de 2017 à 00:14

    Carlos Marcos Faustino
    Carlos Marcos Faustino Christina Castello Branco Augusto Eu também confesso não pensei em nada. Legal a sua conclusão; consegui então. Eu deixei a cargo de cada um que lesse que imaginasse o motivo da partida dela.
    03 de de dezembro às 00:15

    Christina Castello Branco Augusto
    Christina Castello Branco Augusto Carlos Marcos Faustino , ler é viajar pelo mundo da imaginação👏🏻👏🏻👏🏻
    03 de dezembro de 2017 às 01:15

    ResponderExcluir
  2. Muito bom esse seu conto.... o suspense está ótimo..... quando eu crescer quero escrever como voce.... muito lindo....

    ResponderExcluir
  3. José Donizete Dos Santos Souza
    valeu
    6 de dezembro de 2017 às 09:51

    Natanael Otávio
    Natanael Otávio Parabéns, Carlos Marcos Faustino!
    6 de dezembro de 2017 às 11:26

    ResponderExcluir
  4. José Rogério Silva
    Parabéns Marcos, te acompanho sempre e fico muito feliz com os resultados. Isto tudo está dentro de você e nossas oficinas te trouxeram as chaves que abriram estas caixinhas. Continue firme. Nós tupaense somos orgulhosos de você...👏👏👏
    18 de dezembro de 2019 às 13:19

    ResponderExcluir

Postar um comentário